Espaço criado para tirar dúvidas a respeito de saúde, distúrbios que acometem a coluna vertebral, membros superiores, inferiores e extremidades. Esse blog tem como objetivo promover a saúde e dar dicas simples de como turbinar sua energia e incrementar a qualidade de vida.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sindrome do Impacto

Prof. Dr. José Knoplich

Segundo as estatísticas o ombro é a terceira articulação mais importante em relação às patologias osteomusculares, que causam problemas de afastamento do trabalho e de queixas que afetam a qualidade de vida das pessoas.

Com a dificuldade de definir os quadros clínicos nas diversas afeções específicas dessa região, o conjunto dos distúrbios do ombro passam a receber o nome genérico de bursites. Desde 1983, foi descrita uma alteração anatômica que causa uma síndrome específica que para ser resolvida deve-se em muitos casos recorrer à cirurgia. É a síndrome do impacto, que é pouco conhecida.

Introdução

De 38,5 milhões de consultas realizadas durante o período de 1995-1996 nos Estados Unidos, 5,3% foram ao consultório do ortopedista, mas que correspondia a 28.3% de todos os acidentados. As razões mais freqüentes das consultas foram queixas sobre joelhos, visitas de pós operatório, problemas de coluna e do ombro.

De 1.546 pessoas que responderam a um questionário, na Inglaterra sobre as dores que sentiram nas articulações na última semana; 30% responderam que tiveram dor na coluna, 21% no pescoço e 20% nos ombros.

Dentre os 20,5 milhões de aposentados por invalidez nos Estados Unidos, em primeiro lugar estão as afecções da coluna, em segundo o joelho e em terceiro o ombro. Existem pois uma série de fatores ligados a patologia do ombro resultantes de degenerações, infecções, traumatismos e atritos causados pelo trabalho e o esporte que são rotulados como sendo "bursite" do ombro, na fase aguda. Termos, como Duplay, tendinite, bursite, calcificação, periartrite etc., têm como base apenas a descrição dos sintomas, a dor e a incapacidade funcional do ombro mas não caracterizam o verdadeiro problema ou suas causas. As queixas crônicas do ombro que são incluídas nessas denominações genéricas são: a síndrome do impacto, ombro congelado e tendinite do bíceps.

Síndrome do Impacto

Frost e colaborador analisam o risco da síndrome do impacto em 1.591 trabalhadores que usavam o ombro intensamente no seu trabalho de açougueiro num período de 1986 a 1993, encontraram um índice de prevalência de 5.27(95% intervalo de confiança (IC), 2.09 a 12.26) entre os que estavam trabalhando, na ativa, e 7.90 (95% CI, 2.94 to 21.18) entre os trabalhadores já aposentados. Os autores concluem que o trabalho intenso com o ombro, acumula traumatismos com o passar dos anos que aumentam os riscos de surgir a síndrome do impacto, em pessoas anteriormente sem queixas (3)

A síndrome do impacto, descrita em 1927 só foi entendida e estadiada em 1983 por Neer,(1). Consiste no choque da grande tuberosidade do úmero, tendão do supra-espinhal e a cabeça longa do bíceps de encontro ao arco córaco-acromial, no movimento de elevação do braço. As estruturas do manguito rotador, a cabeça longa do bíceps e a bursa subacromial são continuamente comprimidos pela porção anterior e inferior (terço anterior) do acrômio, pelo ligamento córaco-acromial e pela articulação acrômio clavicular. Essa síndrome é confundida com a "bursite" e outros designações, sendo que em inglês é designada de "impingement syndrome". Neer(1) também delineou as normas para seu tratamento e diagnóstico, através de radiografias com posicionamento especial do membro superior e ombro que permite uma correta avaliação do quadro fisiopatólogico e até ergonômico da articulação.

O tratamento dessa síndrome consistia, antes dessa nova concepção em repetidas infiltrações ora no tendão, na articulação gleno-umeral ou na bolsa subacromial, acompanhadas de medidas fisioterápicas como a "roda de ombro", sem qualquer fundamentação científica. O paciente, assim como o clínico e até o ortopedista e o reumatologista tinham uma resignação, frente ao freqüente insucesso dessas medidas.

Quando alguém eleva o braço acima da cabeça, a parte final do tendão do supra-espinhal, denominada de área crítica, é espremida (apertada, comprimida) entre duas estruturas rígidas, a grande tuberosidade do úmero e a porção ântero-inferior do acrômio junto com o ligamento córaco-acromial.

Em algumas pessoas existem certas altercações anatômicas na grande tuberosidade ou no arco córaco-acromial, que com o passar do tempo acabam levando a um processo crônico irritativo, que se traduz clinicamente por dor na região antero lateral do ombro, durante o movimento de elevação do braço; esta entidade é chamada de "síndrome do impacto".

Sinais clínicos

Clinicamente, a síndrome do impacto se caracteriza por ser evolutiva e foi dividido em três fases: na primeira, surge edema e hemorragia do tendão, ou seja, uma tendinite aguda cuja dor aparece apenas durante a atividade física; na segunda fase, já aparece a fibrose do tendão, com a dor manifestando-se durante e após a atividade física, persistindo à noite; na terceira fase, de rotura do tendão do manguito rotador, além da dor, surge uma disfunção progressiva.

As manobras propedêuticas mais importantes para o diagnóstico são a "manobra de Neer" ou "teste do impacto", que consiste na elevação passiva do braço em rotação interna, em que o doente deve referir dor, e a "manobra de Jobe", feita com o paciente exercendo força contra a pressão do examinador, segurando os braços em 90 graus de elevação e rotação interna. Esse teste pode ter três resultados: fase 1- força normal sem dor; fase 2 -força normal com dor e fase 3- força diminuída com dor já há lesão do manguito rotador.

Diagnóstico por imagens

Radiograficamente, pode-se avaliar o arco córaco-acromial através de duas incidências, descritas: A primeira é chamada de céfalo-caudal e é feita com uma incidência simples antero posterior de ombro, com a ampola inclinada 30 graus no sentido caudal; identifica-se o chamado "esporâo do acrômio", ou seja, o excesso de acrômio ântero-inferior. A incidência de Neer, chamada de "túnel do supra-espinhal", é feita como um perfil de escápula, com a ampola inclinada de 15 a 25 graus no sentido caudal, e mostra bem o formato do acrômio. Na avaliação do estado dos tendões do manguito rotador, podem ser utilizadas uma pneumoartrografia de ombro, ultra-sonografia ou ressonância nuclear magnética. A ultra-sonografia por ser prática, barata, não invasiva e bastante precisa, é o exame mais adequado para o diagnóstico.

Huang e colaboradores radiologistas americanos (4) estudaram em 108 ombros de pacientes sintomáticos com diagnóstico de portadores de doenças do manguito rotador do ombro. Os autores procuraram correlacionar as imagens das alterações da grande tuberosidade da radiografia simples se tinham correspondência na ressonância magnética com lesões do manguito.

Três radiologistas independentes reviram as ressonâncias que apresentavam na grande tuberosidade umeral imagens de espessamento cortical, esclerose subcortical e lesões semelhantes a cistos. O acordo intra observacional dos três radiologistas foi de fraca a média concordância com valores Kapa variando de 0.06 a 0 .41. Os autores concluem que essas três alterações encontradas na grande tuberosidade não estão associadas a doenças do manguito rotador tendo um valor preditivo baixo de 14 a 48%.

Etiologia

Dentre as causas da síndrome do impacto, a mais freqüente é o chamado esporâo ântero-inferior do acrômio, que provavelmente surge por tração do ligamento córaco-acromial ao longo do tempo. Classifica-se o formato do acrômio em três tipos, plano, curvo e "em gancho", relacionando principalmente os dois últimos tipos com a gênese da síndrome do impacto.

As dores na face anterior do ombro em nadadores tem sido diagnosticado como síndrome do impacto, devido a enorme quantidade de vezes que realizam o movimento com o ombro causando uma tendinite do manguito, mas vários autores admitem que deve haver uma concomitante instabilidade gleno umeral que deve participar do processo devido a um desequilíbrio muscular da região(5).

Nesses casos deve ser feito reabilitação funcional intensa e se não resolver deve-se fazer uma descompressão cirúrgica sub acromial e se as dores persistirem deve-se fazer, uma reconstrução capsulolabral anterior. A curto e longo prazo esses procedimentos são de pequeno sucesso em nadadores de elite.

A prevenção é ainda a melhor conduta, evitando-se o traumatismo e fazendo exercícios de resistência nos nadadores pré-adolescentes, além de estimular o equilíbrio muscular em volta das articulações gleno umeral e escapulo torácica.

Tratamento cirúrgico

A tentativa de resolver a síndrome do impacto pela artroscopia não teve muito sucesso(6).

Grande número de relatos na literatura tem confirmado a eficácia da acromioplastia ântero-inferior no tratamento da síndrome do impacto.(7) O grupo de ombro do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de São Paulo, de julho de 1987 a junho de 1991, operaram 139 ombros (135 pacientes), com o diagnóstico da síndrome do impacto, associada ou não à lesão do manguito rotador. A idade média foi de 50 anos (variando de 19 a 72), sendo 28 homens e 107 mulheres (proporção de 4 para 1).

O membro não dominante foi operado 32 vezes (23%). Todos os pacientes foram avaliados no pré-operatório com radiografias simples, para se determinar o tipo e o formato do acrômio através de duas incidências, ântero-inferior e o túnel do supra-espinhal.

Cecchia e colaborador (2) encontraram nesses pacientes: dois acrômios tipo 1, 86 acrômios tipo 2 e 36 acrômios tipo 3, "Os acramiale" e outras anomalias foram encontrados em quatro ombros.

Apenas 18 ombros (13%) apresentavam calcificações visíveis aos raios-X.

Vários autores demonstraram que a forma do acrômio realmente tem importância na gênese da síndrome do impacto. O estado do manguito rotador, foi avaliado no pré-operatório através de uma pneumoartrografia ou de uma ultra-sonografia, sendo esta última, a que se mostrou mais precisa (88% contra 66%).

Todos os pacientes foram submetidos a tratamento clínico fisioterápico, prévio à cirurgia, de três a seis meses, porém sem melhora.

Os primeiros 30 casos foram operados utilizando-se a via de acesso ântero-lateral com abertura em "L" do deltóide anterior e sua ressutura, tendão a tendão. Os restantes 109 casos foram abordados pela modificação da via de acesso, com soltura mais lateral do deltóide, divulsão lateral e reinserção do músculo ao acrôrnio anterior com pontos transósseos, o que da maior segurança no pós-operatório imediato e uma firme fixação do tendão ao acrômio após a cicatrização.
Os autores fizeram 11 (8%) ressecções de "os acromiale" e 42 (30%) do extremo distal da clavícula, (que foi ressecada como tempo complementar à cirurgia) apenas nos pacientes que apresentem especificamente dor nessa articulação ao exame clínico pré-operatório, não importando o aspecto radiográfico como parâmetro indicativo de ressecção.

Em 73 ombros com média de seguimento de 18 meses, foram divididos baseados no estado do manguito rotador visto no ato cirúrgico em três grandes grupos: sem sutura (grupo A), com sutura (grupo B) e debridamento do manguito rotador(grupo C).

No grupo A, com 42 ombros, o resultado foi bom em 34 ombros, regular em cinco e mau em três. No grupo B com 23 pacientes, em 20 o resultado foi bom, mau em um caso e dois pacientes não retomaram ao controle. Em 12 ombros, do grupo C com prognóstico reservado, quatro foram bons, um regular, quatro maus resultados e três pacientes não retornaram ao controle. Concluem os autores que:

1) Na falha do tratamento clínico por três a seis meses, a cirurgia não deve ser protelada, pois com o tempo a lesão do manguito pode se agravar e, conseqüentemente, o índice de bons resultados diminuir;

2) A desinserção pós-operatória do deltóide pode ser evitada, em quase todos os pacientes, por uma técnica cirúrgica acurada e um acompanhamento cuidadoso no pós-operatório precoce;

3) A recidiva da dor pré-operatória geralmente se deve a uma res-secção insuficiente do acrômio e pode ser minimizada com diagnóstico preciso e manobras intra-operatórias;

4) A ressecção associada da extremidade distal da clavícula deve ser feita apenas nos pacientes que tenham especificamente, dor nessa articulação e não apresentem sinais radiográficos de artrose; mesmo assim, deve ser cuidadosamente avaliada nos pacientes jovens (perigo maior de desinserção do deltóide) e nunca ser feita em pacientes em que foi debridado o manguito rotador, porque, nesses casos, ele se constitui no último obstáculo à ascensão da cabeça do úmero;

5) A cirurgia da acromioplastia ântero-inferior, ressecção do ligamento córaco-acromial e a sutura de eventual lesão do manguito rotador é um procedimento eficaz e de eleição para o tratamento da síndrome do impacto.

Referências Bibliográficas

1- Neer, C.S. Impingement lesions. Clin. 0rthop.1983;173: 70-79

2- Checchia, SL,Santos, P.D. Síndrome do Impacto: Tratamento cirúrgico. Rev. Bras. Ortop. 1992;26: 65-70, 1992

3-Frost P, Andersen JH. Shoulder impingement syndrome in relation to shoulder intensive work.Occup Environ Med. 1999 Jul;56(7):494-8.

4-Huang LF, Rubin DA, Britton CA. Greater tuberosity changes as revealed by radiography: lack of clinical usefulness in patients with rotator cuff disease. AJR Am J Roentgenol. 1999 May;172(5):1381-8.

5-Bak K. Nontraumatic glenohumeral instability and coracoacromial impingement in swimmers. Scand J Med Sci Sports 1996 Jun;6(3):132-44

6- Connor PM, Yamaguchi K, Pollock RG, Flatow EL, Bigliani LU. Comparison of arthroscopic and open revision decompression for failed anterior acromioplasty.Orthopedics. 2000 ;23(6):549-54.

7- Hyvonen P, Flinkkila T, Leppilahti J, Jalovaara P. Early recovery of isometric shoulder muscle strength after open acromioplasty in stage II impingement syndrome. Arch Orthop Trauma Surg. 2000;120(5-6):290-3.
Copyright © 2000 eHealth Latin America

sábado, 8 de outubro de 2011

Técnicas de drenagem linfática na estética



INTRODUÇÃO

Sistema Linfático


O sistema linfático é constituído por capilares, vasos, coletores linfáticos e linfonodos (este último também chamado por gânglio ou nódulo). Sua principal função é transportar e absorver líquidos, conhecidos por linfa, promovendo a remoção de proteínas, água e nutrientes dos espaços tissulares e sua devolução à circulação sangüínea. Também é responsável pela produção de linfócitos, que tem como função a defesa do organismo.

A linfa é um líquido incolor com alta concentração de proteínas e grande número de leucócitos e linfócitos. Origina-se dos espaços intercelulares e é proveniente do metabolismo intracelular, de onde é retirada pelos capilares e impulsionada para o sistema linfático (ver fig.abaixo).

Éresultado da filtração sangüínea: o sangue é filtrado pelos vasos sangüíneos; parte dele é absorvido e a outra parte não, sendo que esta última constituirá a linfa. Sua passagem para os vasos linfáticos se dá a partir das diferenças de pressões existentes entre as membranas dos capilares, do fluído intersticial e do plasma. Por esses motivos, a composição e as características da linfa podem ser diferentes em cada parte do corpo.

Estrutura de um capilar linfático
Durante seu percurso, a linfa percorre regiões que contém estruturas que a impulsiona para os ductos.
Essas estruturas são os gânglios e se localizam na região inguinal, axilas, pescoço, entre outras.
Há dois ductos responsáveis pelo fluxo de todo corpo.
São eles: Ducto Torácico e Ducto Linfático direito.
Um vaso linfático possui sentido de convergência da periferia para o centro desembocando nesses ductos.
Sua área de atuação está esquematizada na figura abaixo.
O sistema linfático é dividido em 2 sistemas:
Superficiais e Profundos, de acordo com a localização dos gânglios. Com exceção de alguns gânglios inguinais, a maioria é superficial.
Superficiais: geralmente localizados no tecido subcutâneo, os coletores seguem os vasos regionais superficiais.
É uma região rica em capilares.
Profundos: possui menor número de vasos linfáticos e sua origem é no sistema ósteo-muscular articular, abaixo das aponeuroses musculares.
O fluxo linfático depende de fatores extrínsecos e intrínsecos.
Fazem parte dos extrínsecos:
  • a contração e peristaltismo muscular;

  • alterações térmicas.

  • compressão externa dos tecidos;

  • gradiente de pressão entre os espaços intersticiais e os vasos linfáticos;

  • respiração e pressões intratorácicas;
    Contração e peristaltismo muscular
    Os movimentos de contração muscular, pela própria fisiologia do movimento, influenciam a formação da linfa, na sua propulsão e do fluxo linfático. Promove movimentação dos líquidos tanto da circulação sangüínea (sangue), quanto da linfática (linfa). Essa movimentação permite que os líquidos que se encontram em estase alcancem os ductos linfáticos, facilitando sua drenagem.
    Gradiente de pressão entre os espaços intersticiais e os vasos linfáticos
    Quanto maior a pressão dos espaços intersticiais, maior é a quantidade de líquidos que alcançam os vasos, pois o líquido é formado devido a um valor de pressão resultante, sendo grandezas diretamente proporcionais.
    PC = pressão capilar
    POP = pressão oncótica do fluido capilar
    POF = pressão oncótica do fluido intersticial
    PF = pressão fluido intersticial
    Respiração e pressões intratorácicas
    Os movimentos respiratórios promovem uma ação rítmica e contínua no fluxo linfático 24 hs. por dia. Ao inspirarmos ocorre um aumento no volume pulmonar. Entre os pulmões existe um órgão chamado cisterna do quilo, que durante essa fase da respiração, é comprimido. Essa compressão impulsiona a linfa no sentido antigravitacional, para o ducto torácico.
    Compressão externa dos tecidos
    A compressão externa aumenta a pressão resultante e conseqüentemente a quantidade do líquido formado.
    Alterações térmicas
    O aumento da temperatura promove uma dilatação das arteríolas e com isso ocorre uma elevação no volume sangüíneo e conseqüentemente um aumento do volume filtrado. Já os intrínsecos são constituídos por:

  • contractilidade dos vasos linfáticos;

  • presença e localização das válvulas que evitam o refluxo da linfa.

  • vias acessórias de fluxo;
    Contractilidade dos vasos linfáticos
    Os vasos linfáticos realizam contrações rítmicas as quais independem dos movimentos respiratórios e da pulsação arterial. A linfa é conduzida na direção centrípeta, e quanto maior é a contractilidade dos vasos, maior será a propulsão da linfa.

    Vias acessórias de fluxo
    Geralmente surgem em condições patológicas como queimaduras e processos inflamatórios, facilitando o transporte da linfa. Em condições normais, essas vias estão inativas.
    Presença e localização das válvulas que evitam o refluxo da linfa
    As válvulas são constituídas por filamentos contráteis e se encontram no interior dos vasos, se abrem quando a linfa passa, e se fecham logo após essa passagem. Esse mecanismo impede que o fluxo que está em direção contra a gravidade, retorne, facilitando seu trajeto.
    O fluxo da linfa ocorre de acordo com contrações rítmicas ao longo dos vasos coletores e pré-coletores, os quais são constituídos por músculo liso. A propulsão da linfa é determinada pelos seguintes mecanismos:

  • dilatação das paredes;

  • fechamento e abertura da válvula;

  • fluxo linfático.
    Mecanismo de propulsão da linfa através dos vasos


    Edema
    É o acúmulo anormal de líquidos no espaço intercelular, resultante de uma lesão, provocando um "encharcamento" do tecido conjuntivo. Ocorre quando há desigualdade entre o volume de líquido filtrado do sangue e o volume do líquido absorvido pelos capilares linfáticos. Fisiologicamente, ocorre uma passagem de líquido filtrado (A) do capilar sangüíneo para o interstício, sendo que parte dele (B) retorna à circulação (reabsorção), e a outra parte segue para a circulação linfática (C), constituindo a linfa. No caso da figura abaixo, há um desequilíbrio entre A e B, o que justamente provoca o edema.
    Existem alguns fatores que podem causar o edema:
    1) Aqueles que provocam aumento da carga linfática devido a transtornos circulatórios sangüíneos, conhecidos por edemas dinâmicos:

  • Aumento da permeabilidade capilar

  • Aumento da pressão capilar

  • Diminuição das proteínas plasmáticas
    2) Aqueles que provocam aumento das proteínas do líquido intersticial, conhecido por edemas estáticos:

  • Acúmulo de proteínas no espaço intersticial
    Em todos os tipos de edemas, existe um componente linfático e outro sangüíneo, e um edema estático pode vir a ser dinâmico e vice-versa. O trânsito nos tecidos edemaciados fica prejudicado devido aos seguintes fatores:


  • Alteração da resposta imunológica da região

  • Aumento da concentração celular

  • Aumento da concentração protéica e de outras partículas no interstício causando retenção de líquido intersticial

  • Degeneração das paredes dos vasos linfáticos, que se tornam mais espessas, diminuindo sua mobilidade

  • Formação de fístulas linfovenosas

  • Para compensar esse edema, o organismo responde com alguns mecanismos de defesa, como neoformações de vasos linfáticos e de anastomoses linfo-venosas; abertura de anastomoses linfo-linfáticas e linfo-venosas; aumento da absorção do capilar.
    Celulite
    A celulite se origina da estase linfática e venosa. Em uma fase inicial da estase linfática, os líquidos se acumulam, congestionando os tecidos, fazendo com que as células adiposas sintam dificuldades para eliminar os lipídeos, provocando acúmulo de gordura nessa região (a). Esse acúmulo ocasiona a formação de tecido fibroso (b). Quando as células adiposas aumentam suas dimensões, os capilares se rompem e o tecido fibroso passa a ocupar todo espaço (c).

  • 1 - Líquidos;

  • 2 - Capilares;

  • 3 - Tecido fibroso;

  • 4 - Tecido cutâneo;

  • 5 - Células adiposas
    O sistema circulatório sofre diminuição do fluxo sangüíneo trazendo como conseqüência baixa oxigenação, deficientes trocas metabólicas, provocando acúmulo de toxinas e líquidos no organismo. O acúmulo de substâncias tóxicas no organismo provoca reações e distúrbios diversos no sistema circulatório refletindo sobre o metabolismo.
    É uma alteração mais freqüente em mulheres e pode atingir tanto as obesas como os magras. Tem maior índice de localização na região glútea, nas faces lateral, interna e posterior da coxa, abdômen, região póstero-lateral do braço e face interna dos joelhos.
    São diversos os fatores que causam a celulite.
    Entre ele podemos destacar:

  • Alimentação inadequada, com muita ingestão de açúcares e lipídeos

  • Fatores emocionais, liberação de substâncias ligadas a fatores emocionais que causam maior acúmulo de lipídeos

  • Fatores hereditários

  • Fatores metabólicos, como doenças da tireóide e outras disfunções que provocam maior acúmulo de lipídeos



    Fonte:http://www.ck.com.br/materias/135-drenagem-linfatica.html

  • terça-feira, 4 de outubro de 2011

    Trauma Raquimedular



    O Trauma Raquimedular (TRM) é um comprometimento, ou seja uma lesão neurológica que afeta a coluna impedindo que o  “estímulo” continue; esta alteração poderá ser primária ou secundária, completas ou incompletas, moderada ou grave, reversível ou não. Entre as causas mais frequentes (etiologia) estão acidentes automobilísticos, quedas de nível, mergulho em água rasa e ferimento por arma de fogo ou branca.
    As lesões podem alterar a motricidade, sensibilidade, tônus o quadro clinico dependerá do nível da lesão (quanto mais alta, maior atenção deverá ter).
    Podemos dividir o quadro clinico em choque medular (comprometimento dos neurotransmissores) causando anestesia, paralisia flácida, alterações do SNA, alterações esfincterianas, alterações sexuais; retorno da atividade medular reflexa (anestesia e paralisia , hipotensão postural, disreflexia autonômica, Alterações esfincterianas, Bexiga neurogênica, Disfunção intestinal) e a fase de ajustamento.
    Nesta última podemos encontrar sequelas tais como:
    Medula Central: Principalmente na região cervical comprometimento maior dos membros superiores que dos inferiores.
    Medula Anterior: Ocorre preservação da propriocepção e perda da função motora e sensibilidade dolorosa. Perda da sensibilidade profunda.
    Medula Posterior: Brown-Séquard é a perda da função motora e proprioceptiva do lado da lesão e perda da sensibilidade a dor e a temperatura do lado oposto.
    Cauda equina: Lesão isolada dos nervos espinhais da cauda eqüina. QC depende da raiz atingida: Paresia de membros inferiores; arreflexia; Distúrbio da sensibilidade; dupla Incontinência. 
    A fisioterapia recebe destaque na recuperação e tratamento de pessoas que sofreram um TRM, através de estudos de caso verificamos os ganhos e evoluções dos pacientes que são submetidos a fisioterapia e a atividade física. Entre os programas de tratamento, a fisioterapia no TRM busca  a manutenção de posturas funcionais; adquirir posturas mais altas; orientar à família; treinar as capacidades ; readaptar escolar/profissional.
    É realizado um trabalho global com a cinesioterapia, fisioterapia respiratória, neurofuncional para se trabalhar o tônus; reflexo; trofismo; sensibilidade; alteração da mecânica ventilatória; distúrbios circulatórios; alterações sexuais; alterações miostoarticulares; prevenir úlceras de pressão.

    O cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Política Nacional de Saúde da Criança e da Política Nacional de Saúde do Adolescente




    Todas as crianças e adolescentes do nosso país tem direito ao acesso a saúde e são amparadas por lei. Hoje temos o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado em 13 de julho de 1990 regido pela lei 8.069 e temos a Política Nacional de Promoção da Saúde através da Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, tudo a fim de garantir o acesso de qualidade a todas as crianças e adolescentes.
    O ECA diz: Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente e a Politica Nacional de Promoção à Saúde afirma que: As linhas de cuidado prioritárias da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno vêm ao encontro dos compromissos do Brasil com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com o Pacto de Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, com o Pacto pela Saúde e com o Programa Mais Saúde.
    Diante disto, verificamos que o direito a saúde (enfatizando crianças e adolescentes) são amparados por lei e portaria, porém na prática o seu cumprimento é incompleto ou inexistente. Tanto a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) como a Politica Nacional da Criança e a Politica Nacional do Adolescente muitas vezes não são colocadas em prática e mais uma vez os usuários são prejudicados.
    O ECA garante o pré-natal e parto de qualidade, um parto com uma assistência digna, apoio psicológico, alimentar, porém o que verificamos são mães aguardando atendimento sem nenhuma ajuda e crianças lutando pelo o direito de nascer nas filas dos hospitais. Outro seguro que não é garantido muitas vezes é o atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, que garante o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, porém muitas mães e crianças voltam para suas casas à espera de uma consulta e/ou vaga para internação, realização de exames, procedimentos, etc.
    Em Fortaleza existe um hospital modelo conhecido como “Gonzaguinha de Messejana” que procura seguir o Estatuto e a Politica Nacional, por isso quero destacar seu atendimento completo, eficiente, de qualidade e que garante o Art. 12 do ECA: “ Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente”. Destaco este hospital por ser um exemplo de compromisso entre gestor, funcionários e sociedade.
    A Politica Nacional de saúde da criança visa à qualidade de vida de 0 a 10 anos, ou seja, alimentação, vacinas, exames, consultas, internações, mas muitas mães enfrentam dificuldade ao acesso a estes serviços, muitas vezes por falta de profissionais, recursos ou materiais, como recentemente foi divulgado na mídia, postos de saúde sem seringas para vacinar crianças.
    O cumprimento da Politica Nacional do Adolescente também não ocorre com muita efetividade, pois muitos jovens que por lei deveriam ter um atendimento integral, não recebem atendimento algum, principalmente dependendo do nível de complexidade.
    No artigo Art. 227ª a Politica prevê que é: Dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Porém o que vemos é um número crescente de casos de adolescentes que não tem acesso aos seus direitos e a omissão do poder publico diante destes casos e situações extremas como abuso sexual, negligencia.

    A Política Nacional de Promoção da Saúde foi criada para mais uma vez enfatizar o compromisso do Ministério da Saúde na ampliação e qualificação das ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde, porém a realidade e o cumprimento não ocorrem na íntegra.

    Existem sim, hospitais, gestores, funcionários comprometidos com a saúde, porém este acesso ainda não é universal e igualitário.


    Síndrome de Moebius



    É definida como uma doença congênita que causa paralisia dos nervos fácil e abducente e malformações de membros. A fisioterapia tem grande importância, principalmente devido ao sistema pulmonar e o desenvolvimento neuropsicomotor que estão comprometidos. Assim como em diversas patologias, a fisioterapia deverá começar precocemente.
    Poderemos usar exercícios que melhorem a flexibilidade, elasticidade, propriocepção e sempre trabalhar a paralisia a fim de evitar as deformidades. Alguns pesquisadores descrevem como deve ser realizada a avaliação destes pacientes c destacam que deverá ser criteriosa.  Isso por que se temos uma boa avaliação o tratamento será bem fundamentado e os resultados positivos.